Ordo Fratrum Minorum Capuccinorum PT

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updated 7:40 AM UTC, Apr 30, 2024

Carta do Papa Francisco ao Ministro geral

Lettera del Papa Francesco

Caríssimo Frei Mauro,

Fiquei muito contente por tê-lo recentemente encontrado, juntamente com os irmãos das Famílias Franciscanas. Sou-lhe muito grato pelas felicitações de Natal, acompanhadas pelo dom de caridade, o qual destinei imediatamente aos irmãos marcados pela dor e pela marginalização. O Natal suscita em nós a urgência de extinguir a sede de amor de Jesus mediante o serviço aos mais pobres entre os pobres, como nos ensina São Francisco quando contemplava o mistério do Amor não amado.

Enquanto respondo à sua carta, volto o olhar ao Presépio e penso no caminho que os conduzirá ao Capítulo Geral, marcado pela reflexão compartilhada sobre a Ratio Formationis Ordinis. Olhando a pequenez do Menino Jesus, contemplo a sua obediência e ressoam-me as palavras de Paulo aos Filipenses: “Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus.  Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (2,5-8).

O quanto se lê nas Constituições da Companhia de Jesus: “Porque a verdadeira obediência não considera aquele a quem é prestada, mas sim Aquele por quem se obedece; e se obedece só por nosso Criador e Senhor é ao mesmo Senhor de todos que se obedece” (84), Santo Inácio o deduz a partir do pensamento já proposto na Legenda maior S. Francisci, escrita por São Boaventura: “(...) o verdadeiro obediente não julga por que foi movido, não se importa onde foi posto, não insiste para ser transferido; elevado a um cargo, mantém a humildade costumeira, e quanto mais honrado mais se julga indigno” (cf. VI,4).

A Vida Consagrada é, portanto, grata a vós, Franciscanos, por este carisma que se expressa na obediência ao Evangelho sine glossa, e busca no mistério da humanidade de Jesus a mansidão, a pobreza e a humildade para viver em alegria a fraternidade que transfigura o mundo. A minoridade se torne, portanto, a bússola para orientar o caminho que estais fazendo. Não há pobreza sem obediência e nem humildade e castidade. A obediência nos consente sair de nós mesmos para viver a autêntica liberdade evangélica. Esta é a profecia, contra o germe da anarquia, que nestes tempos o diabo semeia a mãos cheias.

Desejo-lhe, bem como a toda a Família Franciscana, que viva o mistério do Natal de Jesus como os pastores o compreenderam, naquela noite, indo “às pressas” (cf. Lc 2,16) para adorar o Senhor.

Abençoo-vos de coração e, por favor, rezai por mim.

Franciscus

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Última modificação em Quinta, 15 Março 2018 10:17